23 de janeiro de 2006

Temos até maio para votar mínimo, diz Lula (Folha Online)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem em La Paz que tem até maio para decidir o novo valor do mínimo, em uma indicação de que não deve atender às exigências de sindicalistas para que antecipe a vigência do novo valor para março.

"Nós temos até maio para votar o salário mínimo, não temos que votar amanhã", disse o presidente, ao chegar ao aeroporto de La Paz. Lula foi à Bolívia para a posse do cocaleiro Evo Morales na Presidência, a quem apoiou durante a campanha. Questionado então se não haveria antecipação do novo valor, Lula disse: "Eu pretendo tomar a decisão no momento certo". Apesar de afirmar que tem até maio para fixar o novo valor, o presidente disse que a decisão sobre o mínimo será tomada amanhã. Lula não quis revelar os termos da proposta, porque disse que isso atrapalha as negociações."Terça-feira vou tomar a decisão do mínimo. Porque essas coisas de negociação é importante a gente só falar quando tiver a proposta pronta, elaborada. Porque, se você fica falando antes, cada vez que aparece um número nos jornais você complica as negociações", afirmou Lula. "Digo isso porque fui dirigente sindical e, cada vez que sentava numa mesa para negociar e saía proposta nos jornais, eu tinha dificuldade inclusive para conversar com a minha gente na base", afirmou Lula.

A disputa entre o governo e as centrais sindicais não é mais pelo valor do novo mínimo, mas sim por quando ele começaria a valer. Os sindicalistas concordam com os R$ 350 oferecidos pelo governo, mas queriam a atualização já a partir de março. Agora, aceitam abril. O governo, por sua vez, afirma que não tem como implementar o novo valor antes de maio. Pelo cálculo oficial, o aumento do mínimo para R$ 350 terá o custo adicional de R$ 4,6 bilhões em 2006. A antecipação do valor custaria mais R$ 1,06 bilhão ao mês.O reajuste do mínimo dos atuais R$ 300 para R$ 350 representa um acréscimo de 16,7%, acima de qualquer um dos principais indicadores de inflação de 2005.

Outro tema em discussão entre governo e sindicalistas é a correção da tabela do Imposto de Renda. As centrais sindicais entraram na negociação com um pedido de reajuste de 13%, enquanto o governo propunha uma correção de 7%. Depois de várias reuniões, o governo já aceita um reajuste de 8%, mas o índice ainda não está fechado. A correção da tabela do IR tem impacto direto na vida dos trabalhadores, porque aumenta o número de isentos e também diminui os impostos para determinadas faixas salariais.

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